sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Verão

  Na sintonia de: Ana Carolina - Rosas




Hoje começa o verão. Notei como é uma data importante pra gente, pra publicidade, pros hotéis, para os donos de cascatas e para as indústrias de protetor solar.
Nunca vi propaganda fazendo contagem regressiva pro início do inverno, outono ou primavera, ontem eu vi pro verão.
Verão é sinôimo de calor, de sol, de música boa ou "ruim" (vai depender do seu gosto e do gosto do seu vizinho), é sinônimo de muvuca, abraços colados e chinelo de dedo colorido.

É uma estação tropical e brasileiríssima, os sentimentos ficam mais aflorados,e o céu fica mais limpo e azul.
Verão é sentir vontade de deitar no piso pra refrescar, é estar em uma roda de amigos, tocar violão, e ir em busca de um vento pra refrescar. Verão é poder usar amarelo porque a pele está mais bronzeada. Verão é tentar se equilibrar na prancha e usar pulseira de miçanga.
Verão é dizer: "Eu prefiro inverno tomando um saboroso picolé de frutas".

Você pode até não gostar do verão, mas que é a estação mais brasileira, sem dúvidas é.

*Estou indo para a praia me renovar, lembrar das coisas que eu esqueci de fazer esse ano, repensar nas que eu fiz. Adorei "conhecer" todos vocês esse ano, espero que ano que vem a gente continue com essa troca de palavras que me faz tão bem.
Feliz natal e ano novo a todos! :
)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Quando o silêncio dói

  Na sintonia de: Los Hermanos - É de Lágrima

Os dias às vezes eram lentos e cansativos, o vento, o som dos carros, a vida, tudo parecia passar em câmera lenta.

O mundo todo acontecia diante dos seus olhos, mas tão distante do seu coração, que isso a machucava. Ela lutava, mas incontrolavelmente a visão embaçava, a garganta travava, e o hálito começava a ficar amargo. Cuidadosamente, ela tentava não piscar pra que não escorresse aquilo que tanto temia. Lágrimas.

Pensava pra si mesma, - “O cabelo poderia ser mais brilhante, as respostas mais firmes, poderia usar menos pantufas e mais salto alto, a insegurança deveria ser menor”.

Quando, ao cair da noite, via-se obrigada a seguir o resto do mundo e deitar, ouvia ecos do nada, silêncio da vida lá fora, calmaria do ir e vir das pessoas. Mas seu pensamento continuava a percorrer caminhos longínquos e desconhecidos, eles demoravam a repousar. Já havia sido uma lady da década de 30, já havia sido entrevistada por Ana Maria Braga, medalhista de ouro nas olimpíadas e Clarissa, doce personagem de Érico Veríssimo.

A inquietude a obrigava mentalizar vidas distintas, realidades não realizáveis. -“Ah, se soubesse tocar violão, se aprendesse virar estrelinha na fina areia da prai...”

O silêncio enfim chegara, ele já não doía mais, ao contrário, foi uma excelente canção de ninar para a garota que adormecera pensando.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Bolo sabor vida

  Na sintonia de: Ana Carolina - Elevador



Se a vida fosse uma receita de bolo,eu diria que:

- Tolerância seria a farinha
- Saúde o fermento
- Felicidade seria o açúcar
- O leite condensado, amor
- A inteligência, os ovos
- A manteiga o bom humor
- (Beleza, dinheiro e afins serão apenas complementos)


Acredito que o essencial pra nossa vida é transbordar saúde e o coração batendo 100%, pra depois praticarmos a tolerância e seguir esse percurso do viver.
Pessoas tolerantes sabem lidar com as diferenças, não se importam com os opostos e não saem por aí batendo portas e telefone na cara de ninguém. Tolerância nos dá consistência, nos torna seres humanos de fibra.

A felicidade, ela nos acrescenta alguma coisa que estava faltando, ela vem pra tirar o amargo que estava em nossa boca, ela adoça sonhos, ela adoça oportunidades. Só que nem sempre esse açúcar é o suficiente, às vezes é preciso um doce que se torna especial, a gente carinhosamente chama de amor.

O amor é o leite condensado da vida, dificilmente alguém recusa, ele chega com o objetivo de acrescentar algo a mais que faltava, ele preenche um espaço que estava inerte, tira o fôlego e deixa os olhos brilhantes. Só que leite condensado em excesso enjoa.

Pessoas inteligentes buscam soluções, sabem falar e calar nas horas certas. Sabem aproveitar as oportunidades que surgem e administram a vida pra que nada de essencial lhe falte. E eu digo pra ser inteligente, e não esperto. Espertinho é aquele que trapaceia. Estamos falando de uma receita pura e saudável.

O bom humor é uma escola pra contornar situações que parecem incontornáveis, é não deixar a peteca cair quando na verdade deveríamos chorar até não poder mais. É lidar surpreendentemente com o que saiu de errado.

Se a gente puder acrescentar todos esses ingredientes, batê-los e praticá-los em nosso dia-a-dia, o resultado será de uma vida que valeu a pena ser vivida. Será um trajeto percorrido sem migalhas, sem sobras.

Fazer da vida um bolo com os ingredientes principais é tarefa árdua e possível pra qualquer um. Se você não tem algum desses ingredientes, procure bem, pode ser que esteja nos armários da sua força de vontade, nas gavetas da auto-afirmação, ou na necessidade do seu viver. E se não encontrar, procure usar o que você tem de melhor.

"Não coma a vida de garfo e faca, lambuze-se." Mário Quintana

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Possibilidades

  Na sintonia de: Adriana Calcanhoto - Depois de ter você

A palavra mais bonita do vocabulário, a palavra mais útil que podemos usufruir na vida. Não é saudade, nem amor, chama-se Possibilidades.

São as possibilidades que fazem Bruna conseguir falar do Brasil com Pedro no Japão. Por anos de estudos, é possível sair do chão e pisar na lua.

As possibilidades nos permitem ver sol e chuva ao mesmo tempo, ela nos dá a chance de dormir brigados com alguém e acordar reconciliados. As possibilidades nos permitem encontrar o amor de nossa vida numa fila de padaria qualquer.

Há possibilidades de achar a cura de uma doença, de subestimar a gravidade e de gerar um ser dentro do ventre.

Joana caiu, mas tem a chance de levantar. Vinicius amou e desamou inúmeras vezes que hoje luta para encontrar um amor eterno.

Possibilidades fizeram o Lula de um simples metalúrgico, o presidente do Brasil e Gisele Bundchen garota do interior para o mundo.

Possibilidades deram a chance de Lucas conhecer o universo todinho lendo livros , e de Janaína descobrir quem é seu verdadeiro pai. Foram as possibilidades responsáveis por uma garota até então impossibilitada de enxergar, começar a ver uma singela luz bem à sua frente.

A vida é uma eterna e incessante busca, às vezes possibilidades surgem numa rua atrás da nossa, outras vezes batem em nossa porta. E elas têm o objetivo de modificar coisas que parecem ser pré-destinadas.
Enquanto existir futuro, nosso presente será repleto de oportunidades.Essas oportunidades nem sempre são palpáveis, mas estão dentro dos nossos sonhos, são antídotos pros incrédulos. A solução pra quem precisa.

As possibilidades da sua vida podem estar em qualquer lugar, no Teatro Municipal ao semáforo da rua perto da sua casa.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ô de casa

  Na sintonia de: Roberta Sá - Casa pré-fabricada

"Nós moldamos nossos edifícios e nossos edifícios nos moldam.”
Após ler essa frase refleti muito, porque eu adoro ficar em casa. Adoro sentir o cheirinho do meu doce lar e o conforto do sofá da sala.

Nosso lar é o nosso refúgio, é o nosso QG que permite que apenas nós tenhamos a senha. E a entrada é restrita apenas pra quem a gente gosta.
Lá tem pessoas que estarão sempre esperando por nós, pra quem mora sozinho, vale cachorro ou o peixinho no aquário.

Cada pedacinho do nosso lar, a decoração, a cor da parede, o enfeite cafona ou o porta-retrato empoeirado em cima da estante estão lá por alguma razão, seja por um presente de alguém especial ou por nos trazer doces lembranças.

Nosso lar nos molda como pessoas, pois somos muito do que consumimos e vivenciamos. Hilton ou minha casa? Minha casa! Fasano ou minha casa? Sem dúvidas, minha casa! Tenho certeza que em amplos corredores, ninguém sente cheiro de café coado e de bolo de fubá recém saído do forno. Na minha casa, sim.

É em nossa casa que nos livramos completamente das “máscaras” e da formalidade que cultivamos o dia inteiro. È lá que as maquiagens são tiradas, os sapatos guardados e a roupa arrumadinha é substituída por calças de algodão e largas camisetas. Somente em nossa casa podemos andar sem pentear o cabelo, sem culpa.

Nós moldamos nosso lar, mas ele nos molda como humanos, nos reforça, ele renova. Lar é o nosso pilar que nos sustenta todo final do dia.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Extremos

  Na sintonia de: Diana Krall & Norah Jones - Turn Me On


Garota que gosta de sentir o vento na nuca, suspira e sonha com um mundo coberto por açúcar de baunilha.

Moça que espera que o nada vire tudo, que o negativo torne-se positivo. Gosta de edredons mesmo no verão, pois isso faz lembrar que alma deve manter-se sempre aquecida.

Garotinha que se viu obrigada a crescer, mas os sonhos continuam ingênuos como os de quando tinha 7 anos. Gosta de presenças, mas não gosta de sentir ausência nas presenças.

Mocinha que tem muito que aprender, a que anota seus planos todos em post-its amarelos. Um pouco supersticiosa quando precisa, um pouco racional quando não precisa. Não gosta de deixar nada pra depois, espevitada em demasia, objetiva quando necessário.

A que gosta de silêncio e de barulho, de conversas sérias e assuntos tolos. A que separa as músicas por humor. Ouve Akon a Zeca Baleiro, a que adora todos os filmes sem efeitos especiais, por favor, romance ou suspense, só não tem paciência pra assistir Matrix.

Não gosta de questões objetivas, pra ela nem tudo tem prova real, vai ver por isso que sempre foi péssima em exatas.

Roupas coloridas, roupas neutras, cabelo solto no inverno, cabelo pra cima no verão, pantufa no frio, Havaianas no calor. Risos em janeiro, risos até dezembro.