sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Paredes brancas

  Na sintonia de: Cat Power - Living Proof




Hoje de manhã indo para o trabalho me deparei com uma parede pichada com a seguinte mensagem “Parede branca é sinal de povo mudo.” e logo abaixo o símbolo do anarquismo. isso me fez pensar durante todo o caminho quantas paredes brancas a gente conhece durante a vida, pessoas que não manifestam sua opinião, não falam, não defendem seus ideais, seus sonhos.

Acredito que de nada adianta apenas falar, tem uma palavra-chave que consegue definir tudo isso e se revela bem mais precisa, chama-se Atitude.

Atitude de não apenas sair pelas ruas com a cara pintada falando mal do governo, mas demonstrar a insatisfação diante da urna. Atitude de lutar para conseguir o que tanto desejou, de não deixar a peteca cair, atitude de fazer limões virarem limonadas, de aproveitar o dia de sol sem pensar que amanhã a previsão diz que vai chover.

A vida não pode ser passada em branco. A vida deve ter nuances, deve ser colorida a ponto de se tornar confortável para as outras pessoas. É aquela velha história, nada de invadir o espaço e o muro do vizinho, porque o grito está literalmente dentro de você, e é você que escolhe se ele vai ser manifestado com abraços ou com pichações.
Eu prefiro a primeira opção, é quentinha e bem mais confortável.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Das cachaças de cada um

  Na sintonia de: Chico Buarque - Olhos nos olhos



Assisti o documentário Vinicius, e me apaixonei mais ainda pelo grande poeta e pela história da nossa música. Vinicius, além de todo o talento tinha grande apreço à cachaça, quer dizer, ao Whisky. O poetinha citou um dia: “O whisky é o melhor amigo do homem, é o cachorro engarrafado.” Drummond também disse na poesia Explicação: “Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua cachaça”.

Todo mundo de alguma forma tem sua maneira de extravasar, pode ser na própria cachaça, mas posso afirmar que há outros tipos.

Por exemplo, há colo de amigo, abraço de mãe, panelas de brigadeiro, travesseiros molhados, noites de sono e banho de mar.

Existem cachaças mais ousadas para todo tipo de gente:

- Para os sarados: exercícios físicos.

- Para os mais histéricos: gritar pela rua.

- Para os aspirantes a poeta: escrever.

- Para os imediatistas: aprender a pôr pra fora todo o sentimento.

Às vezes esse tipo de cachaça costuma arder muito mais do que qualquer álcool, dói porque ele mostra a fraqueza que existe em nós, nos deixa vulneráveis, mostra explicitamente que não existe super-homem sem dor.

Mas aí a gente se dá conta que cachaças terminam, e o efeito logo passa, a gente volta para a realidade - nua e crua: afinal, todo mundo tem uma pia cheia de louça para lavar e a corrida vertiginosa do tempo para assimilar.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O macro infinito

  Na sintonia de: Words in Windows - A World White



Vamos em frente. Novo ano, talvez uma boa hora para abrir a caixa invisível dos planos e dos sonhos. Talvez um forte motivo para entender que o que fará ser um ano inesquecível são os detalhes, o café quentinho num dia de inverno, um elogio na hora menos esperada.

Sempre acreditei nos momentos da vida, quando era criança eu deitava no sofá da minha vó e recebia um delicioso cafuné que ela carinhosamente chamava de "kili kili", era um ato simplório mas que fazia eu sair da casa dela mais feliz e com o sorriso do tamanho do mundo.

Foi então, que parei para pensar que os 365 se diferenciam pelos momentos que passamos, aqueles detalhes mínimos, como sentir a adrenalina ao soltar as mãos do guidão da bicicleta, de sentir a presença da liberdade tocando o nosso rosto, de sentir o coração pulsar mais forte. De chegar bem na hora da melhor estrofe da nossa música favorita, de descobrir que você e seu amigo tem mais coisas em comum que imaginavam ter. De relembrar com nossos pais os primeiros tombos, das primeiras caminhadas.

Para este ano resolvi não fazer uma lista de anseios concretos, vou me permitir viver as pequenas coisas, aprender a enxergar no macro, ser mais intensa – intensa como a vida deve ser.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

tim tim 2010

  Na sintonia de: Chico Buarque - Ano Novo

Inspirada no texto de Drummond eu desejo a todos nós, não um ano só de perfeições, mas um ano agridoce, um ano de aprendizado, um 2010 de ações, para tirar os sonhos empoeirados da gaveta.

Para aproveitar a vida nos detalhes, na boa música que temos para ouvir, nos filmes novos, ou naqueles clássicos que nunca perdem o charme.

Desejo um 2010 diferente de tudo. Mas um ano cheio de espiritualidade, de ações singelas, de somas, de vida.

Um brinde a essa nova parte de nossas vidas, sendo número par ou ímpar, desejo um ano com borbulhas de alegrias, daqueles inspiradores para guardarmos para todo o sempre.

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a
que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente"
Carlos Drummond de Andrade