quinta-feira, 30 de novembro de 2006

O mundo é meu, o mundo é teu, o mundo é de todo mundo.

Ouvindo: Alexi Murdoch - Orange Sky
Humor: Satisfeita

Era uma vez José e Maria, pessoas simples que carregavam a esperança em seu olhar. No auge dos seus 14 anos, eles se conheceram e Maria por falta de informação ou descuido engravidou. Ao contar para seus pais que eram pessoas simples, foi expulsa de casa e sem a esperança que antes existia em seus olhos, resolveu fugir com José para construir uma nova vida. Afinal, eles iriam ter uma família, a sua família.
No começo, a novidade e a serotonina estavam aguçadíssimas. Encontraram uma casinha velha, porém, Maria fez questão de colher flores, daquelas de jardim mesmo, para tornar seu cantinho mais aconchegante.
Com o passar das semanas as flores murcharam, o dinheiro para o aluguel da casa não aparecera, e o amor de ambos que antes era imenso, estava menor que a barriga de 9 meses de Maria.
O bebê nasceu, era um menino com o nariz do pai, com os olhos da mãe, e com o cabelo... Bom, o cabelo ainda não tinha aparecido.
José não tinha um emprego fixo, fazia um “bico” de vez em quando como servente de pedreiro, e o pouco que recebia era gasto nos impostos da fralda e leite para seu filho.
Ah, esqueci de mencionar, depois do primeiro filho vieram mais cinco.
A esperança de Maria e José que aos 14 anos sustentavam suas vidas, hoje fora transferida para seus filhos.
Joaquim, o filho primogênito já estava com sete anos, era um menino serelepe e inteligente. Mas passava a maior parte do dia tendo que cuidar dos outros quatro irmãos pequenos. O sonho de Joaquim era ser jogador de futebol, vez ou outra treinava no terreno baldio do vizinho. Ele tinha um pôster do Ronaldinho Gaúcho colado na parede do quarto que dividia com os irmãos.
Um dia a filha caçula do casal estava com uma grave pneumonia. Seus pais aflitos, a levaram para o hospital que estava lotado. Seu pai não se conformava porque não tinha os mesmos direitos que a senhora que chegou de Audi no mesmo hospital e furou a fila, será que era por que ela tinha um tal de plano de saúde?
A vizinha do casal recomendou um chá, disse que ia curar. Infelizmente não curou. A filha caçula não resistiu e morreu dois dias depois.
Vendo a situação de sua família, Joaquim resolveu ajudar seus pais, começou a vender balas e algodão doce no sinal de trânsito. Vendia em média 15 por dia. Às vezes mais, às vezes menos. A escola que antes era um dos seus programas prediletos, não era mais tão freqüentada por ele.
Hoje, Joaquim está com 16 anos, não é jogador de futebol, não freqüenta mais a escola, cresceu vendo cada dia que passava sua mãe ganhar marcas tristes de expressão no rosto, seu pai desacreditado mal vinha para casa. Hoje, o futuro jogador de futebol é traficante, têm no seu currículo, furtos, tráfico de drogas e um assalto à mão armada na casa daquela mesma senhora que furou a fila do hospital, onde sua irmã não teve as mesmas chances e morreu.

Ops, mas cadê o final feliz? Ah, esqueci, essa não é uma história fictícia, ela está presente nas estatísticas brasileiras.
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1254494-EI994,00.html

sábado, 25 de novembro de 2006

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós.

Ouvindo: Lenine - Paciência
Humor: Bem

Estamos vivendo a era “deixa pra outro dia, porque hoje to com pressa”. Sinto-me culpada cada vez que essa frase é pronunciada tão espontaneamente.
Acho que deveríamos nos dar o direito de ser um pouco “Seu Madruga” de vez em quando. E foi pensando nisso que inventei meu mundo imaginário, onde baixaria uma lei para que algumas regras fossem modificadas.

A começar pelas semanas, teríamos direito a cinco dias livres, pra ficar junto de quem a gente gosta, para começar a faxina na gaveta, terminar de ler aquele livro de 500 páginas empoeirado na estante, notar mais o sorriso de uma criança. Ter tempo pra levar o cachorro pra passear e rolar na grama sem pensar nas formigas e na roupa que vai sujar. E nos dois dias restantes, como a gente precisaria sobreviver, seriam os dias para trabalhar e estudar.

No meu mundo imaginário, todos seriam bem remunerados. No mundo perfeito não existiria políticos, e se houvesse, seriam voluntários, assim como alguns bombeiros aqui da cidade que se disponibilizam a ajudar as pessoas, pelo simples fato de serem humanos. No meu mundo imaginário não existiria Bin Laden, Bush, partidos políticos, PIRIRI, PORORO ou qualquer coisa do gênero. Todas as pessoas teriam direito a moradias dignas e seriam companheiras, como nas vilas que a gente costumava ver em filmes antigos. Daquele tipo de vizinhos que a gente pode pedir emprestada uma xícara de açúcar.

No meu mundo perfeito em todas as cidades haveria praias com águas límpidas e mornas. Faria sol com um vento agradável que permitiria que o cabelo esvoaçasse, igualzinha a menina da propaganda de Shampoo. A infância iria passar menos depressa, e as Barbies jamais sairiam da moda. Crianças teriam direito a piscinas com trampolins e álbum de figurinhas. Os Guarda-chuvas seriam mais resistentes e conseguiriam evitar que a gente se molhe. Seria perfeito se a gente pudesse ainda dormir com as janelas abertas a noite sem o medo de acordar com um revólver mirado na nossa face. Doenças não existiriam, o câncer já teria cura. No máximo uma gripezinha, afinal os médicos precisariam sustentar suas famílias.

O Brasil seria o país dos exemplos, ainda a terra de gente trabalhadora e bonita, mas seu slogan principal sem dúvida “Um povo feliz e alimentado.” Rocinha seria um parque de diversões, Brasília conhecida unicamente por sua arquitetura.

Mensalão apenas um aumentativo para a palavra mensal. Família seria nossa maior empresa, e estritamente proibido que eles algum dia nos deixassem. Saudade a gente só teria do inverno ou do verão. Despertadores seriam abolidos. Viajar faria parte da rotina. Dormir tarde e acordar tarde, nada mais normal. Marcos Valério, Fernandinho Beira-mar, José Dirceu, seriam somente nomes, assim como João e Maria.

No meu mundo perfeito, amor jamais sairia de moda ou seria anormal, apenas um dos muitos sentimentos fundamentais pra se viver.
Assim seria meu mundo dos sonhos, permitira que alguns valores fossem resgatados e falo verdadeiramente de sonhos, de desejos, e não do sonho da padaria do Joaquim.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Coisinhas que fazem diferença em um dia.

Ouvindo: Marisa Monte - Até parece
Humor: Calma

Você já deve ter tido a sensação de que para o dia ser agradável, é necessário alguns requisitos básicos.
Pra você que não precisa do silêncio cedo da manhã. Tente ouvir Marisa Monte com fones de ouvidos. Cuja voz é tão macia e suave feito algodão doce.
Outro dia peguei ônibus e o motorista estava empolgado ouvindo rádio. E caro leitor, te digo uma coisa, carregue seus fones sempre com você se pegar ônibus for uma rotina pra você. Ou vai sair decorando todas as letras de músicas sertanejas ou então, será obrigado a ouvir pronunciamentos do excelentíssimo presidente da república.
Outro requisito básico é rezar pra que em plena segunda-feira chuvosa e fria não tenha prova na primeira aula.
Ainda na segunda-feira chuvosa e fria, reze pra que você tenha saído de casa com um calçado fechado, não entendo como as poças costumam sempre atravessar o nosso caminho nesses dias...

Outras coisas que fazem diferença em um dia:
- Dias que antecedem as férias
- Lidar com pessoas bem humoradas
- Creme pra cabelo sem enxágüe
- Café de cafeteira.
- Ouvir palavras agradáveis.
- Sofás confortáveis
- Warner Channel