terça-feira, 24 de novembro de 2009

Das alegrias invisíveis

  Na sintonia de: The Smiths - There is a light that never goes out


Em um dia pela manhã, olhou para o espelho com os olhos cansados e estática perguntou para si mesma: será essa a felicidade máxima? felicidade absoluta? Como saber se é?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Presos por fios

  Na sintonia de: Kings of Convenience - Scars on Land

Dia desses estava lendo um livro e um trecho que citava Kant me chamou muita atenção. Dizia a seguinte mensagem: "As pessoas estão presas por fios invisíveis. Você puxa um, e todo conjunto se mexe. Essa ação afeta tudo e a todos."

Por mais que tenha tentado, nunca consegui acreditar naquela velha frase de que é cada um por si, porque não é. Acredito de verdade que estamos todos juntos, acredito em plural, sempre gostei mais de soma do que de subtração.

Nós dependemos do seu Manoel da padaria, do motorista do ônibus que acorda cedo toda manhã, do nosso amigo que nos conforta nos dias mais tempestuosos. Precisamos de alguém para trocar a lâmpada que sempre teima em queimar, de colo de avó, de alguém mais alto para nos alcançar o pote de açúcar.

Um sorriso muda tudo, uma palavra forte nos faz mudar de percurso, uma ação impensada pode nos tornar tão vulneráveis.

Essa linha imaginária que não é aquela do Equador que a gente aprendia na aula de Geografia, linha que mesmo na distância nos torna tão próximos, é um carrossel, anda com todo mundo, é infinita, não tem cor, mas tem algo em comum: Une as pessoas para uma só condição - A condição da felicidade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre socos no estômago

  Na sintonia de: The Fray - Never say never

Tem uma frase da Clarice, a Lispector que diz o seguinte “a vida é um soco no estômago”, eu sempre gostei bastante dessa frase, até que um dia me perguntaram o que ela queria dizer com isso. Aí eu pensei: entender o que a dona Clarice queria dizer, fica meio difícil, porque gênios costumam ser irônicos e muitas vezes o que eles dizem não tem um sentido legítimo. Mas para mim, essa frase pode dizer tantas coisas, principalmente, ela resume o que é viver. Explico.

Viver é ficar muitos momentos sem ar, viver tira o fôlego, é adrenalina, é emoção, é um ir e vir. Viver dói, viver impulsiona, viver consome. Viver é um instante, são pequenos fragmentos, viver é ficar tonto, viver é logo ficar sóbrio, é como um soco no estômago, viver é inesperado.

Viver é sim um soco no estômago, dolorido e estático. Tira o ar e logo recompõe, é um instante, um frame que só sente quem vive com V maiúsculo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Felicidade com entrada gratuita

  Na sintonia de: Kings of Convenience - Boat Behind


A vida não é um filme, mas às vezes tudo parece uma cena em slow motion, são tantos detalhes que fazem o nosso dia mais bonito.

As pessoas buscam a felicidade nas pequenas coisas, e isso não é apenas um velho clichê. É perceptível a felicidade radiante do casalzinho do ônibus quando vagam dois lugares para sentarem juntos. Dá pra ver como um simples toque no play do mp3 player do cara que busca a todo custo dar uma melodia para sua manhã, faz seus olhos brilharem com mais intensidade.

O sorriso de satisfação da menina que terminou o livro que estava parado na página 72 há mais de um mês. A alegria de amigos se encontrarem por acaso na rua, um telefonema gostoso de bom dia, ganhar uma bala de presente, um cafuné no cabelo.

São essas pequenas felicidades que tornam a vida um grande filme, daqueles com direito a Oscar e estatuetas. Felicidade que se forma pelos detalhes, pela essência, pelas cores. Já dizia Drummond:"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade".

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Escolhas

  Na sintonia de: Los Hermanos - Todo Carnaval tem seu fim

Lembro da época da escola, a professora decidia aonde cada um iria sentar, e se sentaríamos na frente ou atrás. No dia da escolha era a maior festa, eu ficava na expectativa pra ver se ia sentar perto dos colegas mais próximos, ou se iria ficar distante deles.

Nem sempre tinha sorte, às vezes era escolhida para sentar bem na frente, perto da parede,quando o que eu queria mesmo era ficar perto das pessoas, queria estar no fundão conversando com os amigos.

Algum tempo venho pensando a respeito: a vida é mesmo feita de escolhas. Até uma certa idade, nossos pais faziam as escolhas por nós, escolhiam nossas roupas, nosso almoço, nosso programa de final de semana, até os sonhos eram devidamente repartidos.
Mas aí o tempo passa, nós bem adultinhos da Silva, temos que tomar as decisões e sempre na ânsia de acertar.

Escolhas que exigem noites mal-dormidas, escolhas simples, escolhas que dependem unicamente da nossa decisão. Direita ou esquerda? vermelho ou amarelo? Paris ou Milão? Pra sempre ou temporário?

O fato é que hoje percebo como sentar na frente do lado da parede, (escolha da professora) não era de todo mal, inclusive isso deve ter feito alguma diferença nas minhas decisões atuais, porque de verdade, eu acredito que nossas escolhas de hoje tem um pouquinho das nossas escolhas do passado.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Se a vida fosse um Parque de Diversões

  Na sintonia de: João Gilberto - Não vou pra casa




Acho um barato pessoas impulsivas dispostas a largar tudo de pernas pro ar numa quarta-feira às 10 horas da manhã. Pessoas que aos 30 anos descobrem que os 10 anos de carreira na verdade foram apenas longos estágios, que o aprendizado não acabou e que a vida merece uma injeção de adrenalina.

Quem pega o mapa nas mãos e vai mochilar por aí, sem rumo, disposto a encontrar uma visão diferente do sol que se põe.
Aqueles que se não concordam, extravasam e seguem o coração independente de qualquer coisa, a razão sempre é segunda opção.

Comigo é diferente, eu preciso do estável, do chão, da certeza, preciso ter dimensão para que o pulo não seja maior que o espaço que tenho, e em certos momentos, essa estabilidade toda perde o brilho, falta frio no estômago, falta impulso.

Às vezes é preciso se ter ângulos dierentes, é necessário na vida um bocado de montanha russa, roda gigante e trem fantasma, e não apenas carrossel.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cinza.

  Na sintonia de: Death cab of cutie - What Sarah Said


No começo da manhãzinha, o céu ainda cinza, a vida ainda tranquila, o frio que deixava os cabelos despentedos, tudo isso era o cenário ideal para os pensamentos inacabados.

Manhã tão cinza que não dava para enxergar a luz no fim do túnel, tão cinza que as cores radiantes da alegria ficavam sobrepostas. Sem cor não dava para viver, pensava ela.

A esperança era o antídoto para a consciência da realidade dura que vinha de forma veloz com a névoa cinza. Esperança das cores, esperança dos finais felizes que lia tanto nas histórias das princesas quando era criança. Esperança de não ser podada, e de aprender a soltar os pés para que pudesse voar mais alto, porque ela só queria sentir a brisa no rosto.

Então, das nuvens surgiu um fio de luz, era o sinal que precisava. A luz para as mudanças estava nela, apenas nela.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quem é mais sentimental que eu?

  Na sintonia de: Sam Phillips - How to dream



Em julho de 2004 eu estava chegando lá, com a cabeça cheia de sonhos e com o coração batendo forte de ansiedade. Em julho de 2004 eu era um pouco do que sou agora, mas fui alguém que já foi embora. Lembro como se fosse hoje, eu sentada na cantina sozinha com o caderno na mão e uma bolsa breguinha que nem uso mais no ombro.

Eu ia estudar no “céu”, no bloco mais alto da universidade, e por precaução caso eu me perdesse ao procurar a sala de aula anotei em uma folha todas as coordenadas para chegar até lá – na época o GPS ainda não era tão comum. As coordenadas eram as seguintes:

“Ando até o bloco tal, viro à direita, subo a escada, viro novamente à direita, pego o elevador, aperto no número 6, viro novamente à direita, ando uns 100 metros, e finalmente pego à esquerda.”


Eu era uma legítima caloura, daquelas bem perdidas e assustadas que foi parar direto no 2º semestre do curso de Publicidade e Propaganda. Aquela não era a minha turma, eu sabia que no próximo ano iria estudar no 1º semestre com a minha sala oficial e assim aconteceu.

Turma PP 27, tanta coisa aconteceu durante esses quase 5 anos, tirei aparelho, chorei, abracei, conheci gente nova, briguei, me acalmei, fiz carteira de motorista, assisti filmes, li muitos livros, conheci os textos da Martha Medeiros, aprendi a fazer roteiro, filmei, fotografei, fiz estatística, comprei uma calculadora que está empoeirada na gaveta, entrevistei a Martha Medeiros e claro, troquei as baladas por passar noites em claro finalizando trabalhos.

No começo da faculdade era tão permitido não saber o que queria seguir, era até cult dizer que estava procurando um caminho certo para a carreira profissional, confesso que até reforçava esse pensamento com o batidíssimo (porém lindo) Filtro Solar que diz “ não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida, as pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam aos 22 o que queriam fazer da vida, alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem”. Como assim Bial? E por que todo mundo cobra tanto?

Aí no meio da faculdade já estava apegada, havia escolhido os amigos mais especiais, as equipes para os trabalhos e então comecei a sentir a responsabilidade de um adulto (e eu que achava isso tão brega). O despertador se tornou meu inimigo - mor, o ônibus que antes era das 6h20 passou pras 7h30, afinal o que é chegar um pouquinho atrasado na faculdade, não é mesmo?

Daí a necessidade de procurar um emprego virou um desespero, depois dos 56798 currículos veio o estágio. Momento de penar no trabalho, e se esforçar pra continuar na faculdade.

E o TCC? Bom, o TCC é um caso a parte. É o trabalho mais trabalhoso e importante até aqui. E eu que achava que não ia conseguir (ainda falta apresentar), é tão legal ver essa evolução.

Foi então depois da calmaria da entrega do Trabalho que, em um breve silêncio surgiu o barulho da ficha caindo: as manhãs não serão mais as mesmas, o pessoal que faz parte de uma rotina diária e constante só vai fazer parte de uma doce lembrança. Os aprendizados, o cheiro do ambiente acadêmico, o Nescau quentinho da cantina, os almoços com a amiga. Tudo vai direto pra gavetinha do cérebro e pra dentro do coração.

A faculdade era um resquício de quem eu tinha sido um dia e agora ela diz pra eu me despedir dessa lembrança.

Adeus faculdade, olá mundo adulto. Quanto às dúvidas? Ah, entrei com a cabeça cheia delas e saio com mais ainda, acho que vou seguir a recomendação do Bial: vou me permitir.

domingo, 10 de maio de 2009

Ipsis litteris

  Na sintonia de: Zeca Baleiro - Palavras e silêncios



Tenho uma confissão a fazer: tenho um lado adolescente e sonhador ainda escondido por trás do rosto e da fala da garota que está quase se formando na faculdade. Sou uma pessoa apaixonada por palavras, pela fonética, pelo poder de mudar o mundo com apenas uma, duas ou três frases.

Acho absurdamente apaixonante você poder mudar o rumo das coisas, poder fazer alguém feliz com um simples eu te amo, acabar com a guerra, ou com o preconceito falando a frase ”I have a dream”, você pode até falar não falando, você pode falar com os olhos, com as atitudes, mas você fala.

Por isso, desde pequena tenho a mania de colecionar frases, tudo que eu ouço, leio, ou assisto em algum filme bacana - capaz de dar stop e play diversas vezes, eu copio. Já estou no 4º caderno, e acredito que seja um dos meus maiores bens.

Dia desses relendo as frases, encontrei tantas bonitas, algumas fazem sentido para mim no momento, outras hoje nem combinam tanto comigo, mas sei que de alguma forma me ajudaram.

Algumas que combinam comigo hoje:

“O pôr-do-sol está lento e o céu está virando a noite com tons de vermelho e laranja. E a distância “fala” com as nuvens, espalhadas sobre o horizonte guardando os ventos do verão. O dia virará noite e com isso virá o silêncio que lava tudo.” Trecho do filme The Shadow dancer.

“Assovia o vento dentro de mim. Estou despido dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento e o seu vento que bate em minha cara.” Eduardo Galeano.


“Ela acreditava em anjos, e porque ela acreditava, eles existiam.” Clarice Lispector.

domingo, 29 de março de 2009

vai demorar?

  Na sintonia de: Eva Cassidy - Fields of gold

Tenho a impressão que os dias passam mais velozes. Não sei se o culpado é olhar que está amadurecendo, ou se aquela ansiedade de criança está dizendo adeus, algo está diferente, porque eu era a pentelha que ao viajar perguntava a cada minuto pro meu pai: Vai demorar?

Distâncias geográficas parecem menores pra mim, não sei se dei corda ao coração também, às vezes ele até acelera, mas constantemente está equilibrado.

Às vezes na calada da noite, na tarde agitada e cinza eu me pergunto, vai demorar pra chegar o sol novamente? Agora preciso encontrar a resposta sozinha, GPS, Atlas, Google. Hoje mal consigo perguntar se vai demorar pra chegar, porque na verdade eu já estou lá.

domingo, 8 de março de 2009

Sonhos a kilômetros de distância

  Na sintonia de: Frejat - 3 minutos



- Quando crescer quero ser jogador de futebol.
- Quando crescer quero ser bailarina.


Talvez a palavra de ordem seja Futuro, na minha opinião a palavra de ordem é EDUCAÇÃO. Não a educação que encontramos no dicionário, aquela ao pé da letra. A educação que é a escada pra jovens se tornarem aquilo que sonharam se tornar. De planos mentalizados saírem das nuvens e viverem a doce realidade.

Pais culpam professores, que culpam as escolas, que culpam o governo estadual, que culpam o federal, que culpam o passado. E a bola de neve continua, as vítimas sonhadoras esquecem como se sonha e se trancafiam na realidade pra todo o sempre.

Dia desses minha mãe que é diretora de uma escola municipal pegou o carro, subiu um alto morro e foi até a casa de um garoto que está prestes a deixar de sonhar, ele que não tem pais, é “cuidado” pelos avós, minha mãe pediu para ele voltar pra escola, concluir o ensino fundamental para conseguir um bom emprego futuramente. O garoto não deu muita bola, mas ouviu tudo atentamente.

Depois de duas semanas das aulas iniciadas, o garoto rondou a escola e timidamente pediu pra minha mãe se podia retornar aos estudos.

Enquanto políticos discutem banalidades, milhares de crianças estão nesse exato momento perdendo a última de chance pra mudar o seu futuro. Jogadores de futebol, bailarinas, aeromoças, bombeiros, muitos farão parte apenas de um sonho, sonhos distantes em morros, praças e periferias que nem o gps vai encontrar.

“Eu não tenho nem mais 1 segundo pra você
Eu não tenho a cabeça no lugar pra te dizer
A gente acha o que procura
Existe sempre um outro alguém”.

Frejat

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

XY por um dia

  Na sintonia de: Los Hermanos - Sentimental

Tic Tac, é o despertador e mais um trampo ferrado, levanto sem a camisa do pijama, faço xixi em pé, sinto como é engraçada a sensação de lavar o cabelo curto, passo gel, deixo a barba por fazer, visto uma calça jeans larga, uma camiseta e coloco a carteira e o celular dentro do bolso da calça (sensação única), chego no trabalho e uso palavras curtas como valeu, falou, beleza. Hora do almoço litros e mais litros de refrigerante sem aquela culpa e drama da celulite. O papo da vez? Sobre o jogo do time da 2ª divisão de futebol como se fosse um campeonato importantíssimo - tipo Copa do Mundo.

Se eu fosse homem por um dia, aproveitaria o cromossomo XY para ser racional, simplificaria situações, resolveria muita conta matemática e seria perito em dizer se aquela jogada foi ou não impedimento.

Tudo de Blog


*Desculpem minha ausência e falta de atenção, mas este semestre vai ser muito puxado, época de Tcc e de finalizações, o capricho merece ser dobrado. Sempre que tiver um tempinho prometo passar no cantinho de cada um.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Para saber

  Na sintonia de:Glen Hansard e Marketa Irglova - Falling Slowly



Para novas idéias: Um cenário novo
Para a inspiração: Descobertas
Para um novo amor: Um olhar
Para o sorriso: Cócegas
Para dias de chuva: Cobertor
Para os dias de sol: O mar
Para dores existenciais: Poesia
Para alegrias repentinas: A eternidade.

Um pouco de tudo. De tudo um pouco.