terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Dois

  Na sintonia de: Glen Hansard and Marketa Irglova - Falling Slowly



Em um certo dia sentimos um vazio, uma falta de adrenalina na alma. Percebemos que o coração segue linear, igual, normal.

Queremos alguém pra fazer parte de uma trilha sonora que pra gente vai ser sempre inédita. Aquele que dará mais lucidez e significado para lacunas que até antes eram incompreensíveis.

Desde então, passamos a vida inteira buscando um responsável por fazer o coração bater mais forte. Aquele que a gente só vê coisas especiais, aquele responsável por nos fazer suspirar nos dias mais escuros e nos ensinar que a vida boa é a vida em dois. E depois de muito bem-me-quer, mal-me-quer, o amor surge.

E aí que tudo se completa, vida pra partilhar, vida de dividir o mesmo canudinho, as emoções e as razões.

Começamos a entender o significado dos pares, eles são os responsáveis por grandes partes das nossas alegrias, olhos, ouvidos, mãos, abraços entrelaçados, pernas. Bocas que se unem e se completam, sorrisos que fazem mais sentido quando são compartilhados.

Pares assim como Pink e o Cérebro, arroz e feijão, Romeu e Julieta, piano e violino, céu e estrelas. Dança e música.

A vida em par começa a fazer tanto sentido que não nos contentamos apenas com um coração, queremos dois.

Depois dessas descobertas, entendemos que ficar sozinho é bom durante uma hora, depois perde a graça. E aí que começa a brincadeira: Par, ímpar. Um, dois, três e já!

Par venceu.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O que os olhos não vêem o coração sente também

  Na sintonia de: KT Tunstall - Other side of the world

Eu acredito em amizades, acredito em demonstrações de afeto. Não precisam necessariamente virem junto com calor humano. Não precisamos de serenatas embaixo da nossa janela pra saber em quem confiar.

Ultimamente a internet tem sido meu porto seguro, acredito que muitas vezes o que não conseguimos demonstrar falando, demonstramos escrevendo.

Me dá um imenso prazer escrever o que eu sinto, e saber que gente do outro lado do Brasil sente o mesmo, que consegue me compreender sem me olhar nos olhos.

Aliás, acho fundamental olhar no olho, mas não perco a oportunidade de construir amizades. Afinal não preciso saber a cor do cabelo, o peso, a medida pra chegar ao coração. O coração está aberto pra todo mundo... Só que poucos têm paciência de encontrá-lo.

Qualquer tipo de sensibilidade alheia é bem-vinda, pode ser do vizinho ou da pessoa do outro lado do computador. Acredite: Palavras também podem servir como abraços e isso me conforta.

Tudo de Blog.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Mundo maleável

  Na sintonia de: Mônica Salmaso - Valsinha



Hoje as coisas pareciam diferentes, acordei e o sol estava mais quente e o céu mais azul.

Parecia que o vento me embalava, eu flutuava diante do chão. Comecei a inventar um mundo do meu jeito, o arco-íris ganhou nova forma, novas cores.
O sorriso que antes era tímido, não saia mais do lugar, ele fazia parte da fisionomia, ele era real, era sincero.

Os apertos de mão eram fortes, a astúcia humana era comum, o bom senso era de todos.
Os buracos das calçadas foram removidos da minha frente, não existiam mais empecilhos, a única meta era a de chegar mais longe do horizonte que sorria pras pessoas.

Contramão era ir contra a alegria, competição, só de quem vivia com mais intensidade. Gritos eram músicas, dores eram curadas com palavras.

Palavras eram ditas em horas oportunas, fome era sanada lendo livros, poesia era a trilha sonora de todos. A moeda nesse mundo era gratidão, era tão forte que nunca quebrava.

O dia acordou diferente, ele até parecia real... foi então que começou a chover e as cores desbotaram, meu mundo era todo feito de aquarela.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O vai e vem do sol

  Na sintonia de: Timbaland - Apologize

"Tenho fases como a lua,
Fases de andar escondida
Fases de vir para a rua
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para o meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso!
Tenho fases como a lua
No dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
Outro dia desapareceu."
(Cecília Meireles)


São sete dias durante a semana, sete dias para realizar, mudar, conhecer e conquistar. Esses sete dias podem ser ensolarados ou chuvosos.

O dia ensolarado é aquele em que tudo dá certo, parece que o mundo nos sorri, uma energia absoluta percorre nossas veias. A alegria é tamanha, que mal cabe dentro da gente e contagia quem está por perto.

Mas há também o dia chuvoso, que é aquele que não dá vontade de sair da cama, trovões de pessimismo e incompreensões tomam conta da gente. Os defeitos ficam mais latentes. O dia começa com o dedão batendo no sofá e termina com o travesseiro encharcado de dor.

Nos dias de sol os abraços são essenciais. Nos dias de chuva, as palavras às vezes não são necessárias. Nos dias de sol a gente tem força de sobra, nos dias de chuva temos que encontrá-la.

Nessa inquietação toda, há também os dias nublados, que são aqueles recheados de incertezas, geralmente são sem graça e ficamos confusos, num sobe e desce. A alegria contida dentro da gente começa a se deteriorar e o que mais fazemos é nos questionar.
Essa mescla de sentimentos, essas tonalidades claras e escuras que contrastam nossos dias, são como provas de fogo pra nos manter em pé.

E aí que percebemos a importância da chuva, pois ela nos faz refletir, é antídoto para o comodismo. Suaviza e irriga nossa vida, nos torna mais fortes, mais incansáveis. É através da chuva, que a gente percebe quão importante é o sol. Sol que vai, mas sempre volta no final.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Tempo, senhor da razão

  Na sintonia de: Djavan - Se

Tudo parece estar lindo,o dia amanheceu com um encantador céu azul, faz calor e tudo está pronto para irem à praia. Até que...

- Querida, precisamos conversar, sabe o meu amigo Celso? Estamos apaixonados.

Depois dessas palavras, a testa franze, o olhar reprime e o céu azul começa a escurecer. Cada fala dele faz o céu nublar, você vê até relâmpagos.

Mas tudo isso só é enxergado por você, o efeito anestésico daquelas palavras fazem com que você perca alguns sentidos do corpo. Parece que o cérebro parou de funcionar e que não consegue assimilar o que teima em entrar nos ouvidos.

Então você chora, grita, sente raiva, a vontade é de jogar a televisão comprada na lua de mel em 24 prestações contra a parede. Mas você quer mostrar superioridade e diz rispidamente para ele ir embora.

O tempo passa e você começa a enxergar o lado bom das coisas, pelo menos não precisa gastar com a academia para ficar mais bonitona que a "outra", e o Celso pode vir a ser um ótimo conselheiro.

E o dia reluz, o céu se abre, e tudo fica azul novamente.

Tudo de Blog.