Eu tenho amigas que adoram pagode, outras sertanejo. Algumas preferem azul ao verde. Umas colam pôster do ator de Hollywood no armário, outras mais discretas preferem não manifestar a tietagem.
Quando era criança, passei férias na casa da minha avó no interior dos interiores, a família decidiu pescar. Vi um belo peixinho se debatendo no chão, era tão bonito que o brilho do sol o deixava multicolorido.
Rapidamente o ajuntei, levei-o para o tanque e enchi de água. Supliquei que meu pai levasse-o de volta para seu habitat natural. Descuidei-me por alguns minutos e o peixe não estava mais lá. Acreditei que tinham jogado de volta ao açude. À noite, o pobre peixinho estava mortinho da silva, pronto para ser servido no jantar.
Todos acharam bobagem eu ter querido poupar um peixe que nem nome tinha. Mas para mim, o valor sentimental falou mais alto. Achei lamentável matá-lo.
Eu acho legal ser vegetariano, acho bonito e admiro quem seja. Parece saudável. Apesar de não conseguir ser, ou nunca ter abraçado verdadeiramente essa causa. Mas como já diz o velho ditado “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Quanto ao gosto das minhas amigas, de vez em quando não concordo e dou alguns palpites. Mas fazer o quê, o mundo é imenso, ele nos permite e OBRIGA termos opiniões distintas.
domingo, 25 de março de 2007
A escolha que nos cabe
segunda-feira, 19 de março de 2007
Remédio para o amor não correspondido
Faz exatamente um mês que a menina Gabriela mudou de escola. Todas as manhãs ela fica horas e horas na frente do espelho se emperiquitando.
Gabriela usa delicados grampos em seus longos cabelos, passa rímel para alongar os cílios e gloss para os lábios finos e doces.
Seu olhar brilha de alegria para ir à escola. Quando chega em casa, volta faceira com o sorriso batendo nas orelhas - O sorriso faz com que as covinhas tímidas apareçam em sua face. -
A menina deita no seu quarto, ouve as músicas românticas do casal da novela todos os dias. Na locadora se torna praxe locar filmes como Romeo e Julieta e O diário de uma paixão.
Já faz dois meses desde que Gabriela mudou para a escola nova. A ânsia de estar lá todas as manhãs, hoje não existe mais. Gabi não pensa mais em se arrumar. Sua roupa preferida ultimamente é o pijama xadrez com listras (nem perto das lindas combinações que fazia).
A mãe está preocupada com o comportamento da menina, Gabi sempre foi tão doce, tão alegre. E agora não quer mais se alimentar. Só aceita o imenso pote de sorvete de creme para acompanhá-la a assistir O diário de Bridget Jones.
A misteriosa flor que Gabriela havia recebido alguns dias atrás na escola, está seca e murcha. Denominação perfeita de como está se sentindo.
Gabi foi ao médico, ele eficientemente diagnosticou que ela está gripada. Recomendou 3 tipos de remédios Dorflex, Gripex e Tossex.
Passaram alguns dias e os comprimidos não fizeram efeito. Gabriela continua triste.
Infelizmente ainda não inventaram um remédio para a cura do amor não correspondido. Mas a ciência está cada vez mais avançada, logo-logo ela encontrará nas prateleiras das melhores farmácias da sua cidade.
segunda-feira, 12 de março de 2007
O medo de sobrar
Na época da escola a professora pedia para formarmos grupos de no máximo 5 pessoas, ficávamos ansiosos para ter em nossa equipe os amigos.
Sempre sobravam umas três pessoas sem equipe, ficavam cabisbaixos no fundo da sala, tímidos sem saber pra onde ir. A professora gentilmente os colocava nas equipes já fechadas.
No recreio, as brincadeiras eram de correr e a ameaça em tom autoritário era: “O último a chegar é a mulher do padre."
O tempo passa nos tornamos gente grande e aquele medo infantil cresce conosco.
Aprendemos desde cedo que ser o último definitivamente não é legal. Abominamos ser os últimos a encontrar um grande amor, a casar, ter filhos, últimos a concluir a faculdade e ser bem sucedidos no emprego.
Por alguma razão as pessoas encontraram no Orkut um meio de mostrar que estão “bem na fita.” A maior parte delas consegue a façanha de ter o maior número de pessoas adicionadas. Eu, timidamente com meu perfil não tenho metade dos contatos. E às vezes até me sinto a menina no fundo da sala sem equipe.
Por isso caro leitor, se você atualmente está se sentindo a medalha de bronze em alguma situação, prepare-se para ser ouro. Se disserem que você está na idade de casar, comece procurando por um namorado. Se você está a 10 anos na faculdade, está na hora de concluí-la e mudar de ares.
Mas, se você já conseguiu realizar 60% dos seus planos, pa-ra-béns! Você pode se sentir com razão a última bolacha do pacote. Continue firme em suas decisões e tente alcançar os 100 %.
Ou vai querer cruzar a linha da chegada por último e ser a mulher do padre?
quinta-feira, 8 de março de 2007
O silêncio dentro de mim
Quando algo inevitavelmente dá errado chego a desanimar em determinado momento e penso que o “cara lá de cima” me esqueceu. Mas até então, eu não escutei o silêncio que mora dentro de mim. Só consegui ouvir os eloqüentes ecos soados pela decepção.
Depois, me permito alguns minutos de reflexão e consigo ouvir esse silêncio que está presente. Que se transforma em uma contagiante fé e esperança.
Fé, essa tem sido a minha religião nos últimos anos. A fé que eu fui conquistando com as derrotas e que me levanta como uma injeção de ânimo.
Para mim, orações decoradas na ponta da língua sem sentimentos não tem o menor valor, são apenas blefes. Oração boa é aquela que a gente fala com o coração.
É a fé que eu ouço nesse silêncio, que faz com que eu acredite em um país melhor, na cura do câncer, no amor verdadeiro e que os contos de fadas podem se tornar reais.
Acredito que todo brasileiro tem uma pontinha dessa esperança morando dentro de si, o que pode tornar a fé uma religião e não apenas uma virtude.
Texto para o Tudo de Blog.
sábado, 3 de março de 2007
Minha camiseta - meu talismã
Quem não teve um talismã na sua infância, um bichinho de pelúcia preferido ou um tênis furado, muito rodado e extremamente confortável.
Na minha infância eu tive brinquedos e roupas preferidas, entre elas uma camiseta branca com detalhes em verde-limão com estampa de gatinho. Fazia sol ou chuva, ela sempre marcava presença.
Até que completei 12 anos, idade tão temida pelas meninas. Enfim, uma nova fase na minha vida, cheia de transformações, no corpo e na alma. A camiseta que antes era larga e confortável se tornou curta e apertada. E por mais que eu soubesse que ela nunca mais voltaria a ser a mesma, tentei de mil maneiras fazer com que coubesse em mim novamente. Mas ela havia deixado de fazer parte da minha rotina, precisava ser deixada para trás.
Não teve jeito, me vi obrigada a aposentá-la no meu guarda-roupa. Procurei alguma camiseta parecida para substituí-la, mas não era a mesma coisa. O tempo bom que passei com ela, não voltaria mais.
Minha mãe insistia em faxinar e doar roupas que não usava para pessoas necessitadas, alguém que não tivesse um armário repleto de roupas coloridas e quentinhas.
A camiseta de estimação estava empacotada para ser usada por outra pessoa, que talvez pudesse passar por tantos momentos bons como os que eu passei, ou apenas iria acalentar o frio de alguém carente que não tinha o que vestir.
O fato é que por mais triste que seja abandonar nosso amuleto, alguma coisa de verdadeira estima, percebi que precisava passar a vez para outra pessoa.
Percebi que meu talismã não era a camiseta, ela era apenas o pano de fundo que marcou minha infância. Os momentos inesquecíveis somos nós que criamos.
Texto para Tudo de Blog.