quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Aprender a sonhar

  Na sintonia de: Snow Patrol - Make This Go on Forever

No relógio eram exatamente 06h30min da manhã, quando Laura e Ana acordaram. Porém, havia grande diferença no dia de ambas. A começar pelo despertador de Laura, que era antigo e fazia um barulho desafinado. Enquanto o de Ana todo dia a despertava com sua música favorita.

Laura levantava-se rapidamente porque sabia que o dia seria longo e cansativo. Às vezes sentia que o tempo passava depressa demais. Tão depressa que ela mal via a semana passar.

Já Ana, geralmente permanecia mais 5 minutos deitada em sua aconchegante cama, ouvindo o cantarolar dos pássaros que teimavam em fazer serenatas todas às manhãs em sua janela.

Laura colocava calça jeans desbotada e moletom batido, calçava o tênis com a sola furada, mas que ela de maneira inteligente colocou jornais para quando chovesse, não entrasse água.

Ana vestia o uniforme do colégio. Geralmente reclamava, gostaria de poder estrear as novas roupas que comprou no dia anterior. Abria a porta do guarda-roupa e conforme o humor, calçava o tênis de sua preferência.

Laura não tomava café, os pais saiam cedo de casa e quase sempre, estava sozinha. Às vezes até tomava um leite com açúcar, vez ou outra até sobrava um pão amanhecido para preencher o vazio que seu estômago estava tão acostumado a enfrentar.

Ana, depois de uniformizada, sentava a mesa junto aos seus pais. Gostava de variar a refeição, às vezes tomava suco e café, outras uma torrada com geléia de frutas e bolachas recheadas.

Depois do rápido café da manhã, Laura descia a pé o grande morro da sua casa. Para ela, descer era sempre melhor que subir. Ela conseguia sentir um impacto, que parecia que a embalava para superar mais um dia, e só sentia a brisa matinal em seus cabelos.

Já Ana pegava carona com seu pai no luxuoso e silencioso carro. Sintonizava na rádio jovem que tocava suas músicas favoritas.

Até que em uma manhã fria e nublada o carro de Ana parou no semáforo. E uma garota que aparentava ter a mesma idade, bateu no vidro oferecendo balas e flores. Era Laura. O pai de Ana pediu se ela gostaria de comer balas, mas Ana recusou. Por um minuto os olhos das duas garotas se encontraram, por um minuto ambas sentiram-se parte do mesmo mundo.

O sinal abriu, na contramão as garotas voltaram para o universo que as esperavam. Ana foi estudar para ser a futura médica que seu pai tanto sonhara. E Laura foi vender doces para garantir o próximo café da manhã.

De alguma maneira a moça pobre e a rica tinham algo em comum. Ambas aprenderam a sonhar por dias melhores. Todas as noites antes de deitar, Laura e Ana arrumavam o despertador para as 06h30min e faziam preces para que os pedidos fossem atendidos. Pediam tanto, que pegavam no sono com as mãos entrelaçadas. Os entrelaços representavam a força e otimismo que elas depositavam no mundo e no próximo dia que insistia em nascer.

3 comentários:

Déborah Capel disse...

Carol, gostei muito desse texto, li um livro que trata mais ou menos do mesmo assunto, se chama: Walace(não me pergunte como escreve kkk) e Jão Victor.
Muito obrigada pela ajuda, estou procurando mesmo pela internet alguém que saiba fazer, e a imagem do meu eu editei não com muitas figuras, mas algo que eu achei bem "a minha cara", obrigada mesmo.
Fica com Deus ;*

Marília Macedo disse...

nossa..
q historia bacana...
:D
a gente reclama e reclama,
vive,resmunga...
e em algum lugar do mundo trea sempre alguem fazendo a mesma coisa,
ou uma pessoa fazendo a diferença.
Esse planeta vive muitas Anas e Lauras, nos carros silenciosos e morros cansativos!
incrivel!

beijo

Ana Nogueira Fernandes disse...

Lindo, cara!

talvez isso prove duas coisas:

1- não importa o quanto as coisas pareçam ruins, elas sempre podem piorar.

2- despertar para um novo dia e criar novas perspectivas eh bom demais =]