
Na época da adolescência os sentimentos de incompreensão se misturavam com as descobertas do mundo. Vez ou outra discutia com minha mãe, cada discussão era como se um pedaço do mundo viesse abaixo em minha cabeça. Era nesse momento que eu queria fazer igual à menina do filme e desafiar tudo e a todos e fugir pra longe.
Trancava a porta do quarto,tratava de vestir uma roupa que não tivesse sido comprada pelos pais, de preferência algo dado por alguém, uma tia, amiga, avó ou vizinha. A blusa pequena mostrava que o tempo havia passado depressa demais. Depois, eu pulava a janela e descia o morro de casa com uma velocidade ímpar. Os longos passos faziam uma melodia junto aos pensamentos que habitavam em mim.
Depois de ter descido completamente o morro surgiam as opções, qual caminho escolher? Direita? Esquerda?Então, parava pra pensar, passavam 5 minutos, as mágoas haviam desaparecido, a fome surgido, e a vontade imensa de voltar pra casa vinha à tona. Nem direita, nem esquerda. Há momentos que olhar pra trás é necessário e também, a melhor opção.
Levantei rapidamente e motivada,subi o morro correndo. Pulei novamente a janela do quarto, destranquei a porta e fui apressadamente dar um abraço naquela que tinha sido a responsável pela volta. Num instante os pedacinhos do mundo que caíram sobre mim, juntaram-se como quebra-cabeça e formaram um espontâneo sorriso.