Já acordei com enormes espinhas no rosto. Olheiras gigantescas no amanhecer e cabelos espalhados por todos os lados.
Já acordei me sentindo a pior das piores. E rezando para ter dias melhores.
Mas o pior dia foi quando me senti injusta. Aquele dia em que lutava por tudo. Mas na realidade não havia nenhuma busca.
O dia em que me senti mais feia talvez foi aquele em que as ações não foram medidas, nem pensadas. O dia em que o coração não teve vez.
Como gostaria de ter naquele momento um corretivo, para apagar os reflexos de arrependimento que surgiram no espelho. Mas já era tarde, a imagem que se formou era feia. O erro era definitivo.
domingo, 26 de agosto de 2007
A feiúra interna
domingo, 19 de agosto de 2007
Os anéis pelos caminhos
Dia desses estava na sacada de casa e lembrei do dia em que perdi um anel de ouro com a inicial do meu nome pelo jardim. Acredito que ainda deva estar lá.
Naquela época o jardim de casa parecia tão imenso, que a procura pelo anel foi longa e cansativa. Hoje eu dou risadas, pois o imenso jardim não existe, na verdade nunca existiu.
Na infância tudo tinha uma proporção tão grande, a começar para chegar na escola, para mim era um longínquo caminho a ser percorrido todos os dias. Mas, na verdade não levava mais de 10 minutos.
Lembro, que o abraço do meu pai era tão acolhedor, que prá mim, caberia mais uma Caroline. Brigar com o irmão era o fim do mundo e mamãe não permitir eu dormir na casa da melhor amiga era motivo de choros e prantos, batidas de portas e beiços amedrontadores.
Naquela época, a pia da cozinha era tão alta, e para alcançar os pratos na cristaleira era necessária uma banqueta.
Hoje, olhando para trás percebo as lágrimas e dramalhões mexicanos desperdiçados por motivos bobos.
Confesso, que dá um certo medo olhar pro jardim e perceber que ele não é tão imenso como eu acreditava. Que talvez eu devesse ter procurado melhor. Ou que hoje, eu esteja dando elevadíssimas proporções para algumas coisas não necessárias, sem ao menos procurar as respostas.
Definitivamente, não quero estar em uma sacada daqui 10 anos, percebendo que deixei alguns “anéis” caídos pelo caminho.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Felicidade artificial
Alice levantava cedo todas as manhãs. Depois de colocar uma roupa básica, passava o pincel da maquiagem com uma sombra de tonalidade escura.
Ia para o corre-corre do dia e sabia que iria se deparar com uma mistura de sentimentos. Poucas eram as pessoas que notavam algo diferente no seu olhar.
A maioria achava que aquele era um dia normal, que ela estava feliz e educada como sempre. Alice sempre sorria para as pessoas e tentava passar a sensação de despreocupação aos que a cercavam.
Às vezes até demonstrava estar chateada, mas ninguém percebia. Vez ou outra escorria uma lágrima,que ela rapidamente se encarregava de limpar e corrigir a maquiagem borrada.
À noite, quando chegava em casa, a menina exausta tirava com um demaquilante toda a maquiagem. A cada passada do algodão apareciam as marcas de expressão em sua face, a cada passada do algodão, a imagem da garota feliz desaparecia. Só restavam os olhos tristes e o coração pesado.
A felicidade estava toda impressa no algodão.