Na infância, quando discutia com a melhor amiga, meus pais ficavam de prontidão e autoritariamente nos mandavam estender as mãos e pedir desculpas. Eu não entendia o porquê. Mas sempre depois do pedido de desculpas as coisas se tornavam melhores do que eram. De alguma forma aquela palavrinha tinha poder.
Os anos passam, a gente cresce e os problemas também. Aprendemos o que significava realmente fazer as pazes. Sendo assim, as desculpas precisam ser melhores. Um aperto de mão apenas, não basta.
Os pedidos de desculpa às vezes podem vir sinceros com sorrisos e largos abraços. Algumas vezes chegam em palavras dentro da caixinha de correios numa manhã cinzenta. Os mais modernos alastram-se pelas caixas de e-mail.
Confesso que não sou a melhor para tentar me reconciliar. Mas sou muito boa em aceitar fazer as pazes. No fundo, eu sou um pouco daquela criança que quando briga, espera pelo estender das mãos da outra pessoa.
Fazer as pazes será constante em nossas vidas, pois como já dizia a sábia Clarice Lispector “Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar”.
sexta-feira, 29 de junho de 2007
A arte de desculpar
sábado, 23 de junho de 2007
A canção que me faz mover os pés
Estava com 16 anos. A imaginação ia a mil, as aspirações eram maiores que a palma da minha mão poderia alcançar. Época de transição, só havia um refrão: “I wanted to be like you, I wanted everything”.
Colocava o cd da Michelle Branch no diskman e caminhava pelas ruas ensolaradas. A cada esquina que eu virava achava que iria me deparar com alguma cena como nos filmes. A velha história da mocinha que esbarra no mocinho. A pressa é tamanha que os livros dela caem no chão. Ele rapidamente abaixa-se para ajuntar. Em um gesto sutil eles encostam as mãos e o tempo parece parar. De pano de fundo toca a música mais linda, que para o meu gosto tinha que ser All you wanted da Michelle.
Durante muito tempo eu ouvia All you wanted esperando por uma cena semelhante. Mas aí, como a vida é o oposto do que a gente planeja. O mocinho apareceu num lugar cheio, longe da calmaria dos cantos dos pássaros, do sol das tardes. Surgiu à noite, em uma pista de dança e a música que era para ser essa, foi trocada por um techno, longe das canções românticas tocadas pela Michelle.
Mas não faz mal, eu ainda continuo mexendo os pés quando ouço as músicas da Michelle Branch.
sexta-feira, 8 de junho de 2007
15 pras 9
Aquela noite estava sendo difícil para ela dormir. Virava de um lado para o outro, arrumava os travesseiros de todos os modos. Mas no fundo, ela sabia que não estava ali o problema.
Mais cedo, às 08h45min ela tinha despedaçado um coração, e estava sentindo-se a megera da história. Quando fechava os olhos só conseguia lembrar-se do instante que deu a notícia que seria o fim para os dois. Ela não sabia o porquê, mas falar aquilo não foi tão difícil quanto olhar para os olhos verdes tristes, vidrados e molhados. A testa franzida dele de alguma maneira mexia com ela.
A madrugada silenciosa fazia com que ela só conseguisse lembrar-se das suplicações dele. As redundantes e costumeiras frases de sempre, mas que ainda assim, conseguiam atingi-la de alguma maneira.
O momento mais difícil foi jogar nas mãos dele, as cartas com letras de forma que ele fazia questão de escrever. Ela sabia que lá estavam todas as juras e vários “para sempre e por toda eternidade.” O sentimento era de como se estivesse enganando o destino, que ambos tantas vezes juntos traçaram deitados na grama.
Os travesseiros já estavam amarrotados e junto deles, os flashes daquele dia passavam em sua mente, eram mais intensos que o sono. Estava deitada uma garota que sentia que havia enganado o destino.