Humor: Bem
É fato que não podemos ficar parados no tempo, tem um mundo lá fora que precisa de mais um pobre mortal.
Nos chacoalhões do ônibus pensar na vida é constante. Pensamentos não tão complexos, afinal é impossível pensar difícil às 06h30min da manhã num dia de inverno.
Vocês já perceberam como as pessoas ficam enigmáticas cedo da manhã? São quietas, suas faces tornam-se sérias e distantes naquele instante que estão indo a caminho do trabalho.
Dentro de uma condução você passa a reparar nas pessoas, cada uma com suas peculiaridades. Seja o cobrador que vive perdendo a hora de acordar e tem que embarcar num ponto de ônibus qualquer pra começar a trabalhar (Eles também perdem o ônibus). Seja a menina que dormiu tarde porque tinha um trabalho de Álgebra pra terminar, a mulher que todo dia senta na frente do lado da janela. Ou a senhora que sempre olha pro termômetro da rua.
Depois que a viagem acaba, somos obrigados a desamassar o rosto mal dormido, e guardar os pensamentos avulsos que só se voltam mais tarde. Pois chegou o momento de ir pra incrível jornada de trabalho, estudo, ou qualquer coisa do gênero.
Fui a uma palestra um dia desses e o palestrante disse que se a pessoa ao ouvir a música do Fantástico no domingo a noite fica desesperada. Deve pedir demissão no mesmo momento, pois não gosta do que está fazendo. Não concordo, por mais que você goste do teu trabalho, a preferência é sempre ficar com os familiares num final de semana de pés pro alto.
À noite, depois da jornada de trabalho, aqueles pensamentos da manhã retornam e a gente os termina. Algumas vezes com uma explicação, outras a gente deixa pairar no ar. Afinal, já pegamos no sono porque amanhã começa tudo de novo.
"Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros, que não tenho tido tempo de chorar." (Carlos Drummond de Andrade).
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