Tudo estava em sua volta, mas nada fazia parte dela. Era um sentimento desconhecido, parecia que a lua que a seguia não era a mesma que a dos outros.
Esqueceram de avisá-la que a vida não seria tão simples. Esqueceram de recomendar as vacinas para as dores existências que vez ou outra batiam em sua porta.
Esqueceram de avisá-la que nem sempre lágrimas serão contidas e fúrias desimpedidas. E ela não se perdoava por isso.
E os tropeços? Por que ninguém reparava nos cadarços desamarrados em vez de recomendar Mertiolate?
Ela tinha o hábito de andar olhando para baixo para tentar encontrar a auto-estima que se perdia.
Por que não ensinaram que Band-aid não conserta coração magoado? Ele pode até estancar por alguns minutos, mas depois de algum tempo, ele descola.
Por que ninguém notava em seus olhos que apesar de mudos, diziam tanto. Eles confabulavam entre si,contavam histórias mágicas e ninguém se permitia a entrar no conto de fadas.
Tantas coisas para serem divididas, e ela solitariamente dividia consigo. Não gostava de números ímpares, tão pouco conhecia os pares.
Foi então que pisou nos cadarços desamarrados novamente e caiu. E de tanto olhar para baixo a felicidade passou em sua frente, mas ela não notou.
*Título: Frase Clarice Lispector
quinta-feira, 24 de abril de 2008
"Aspirina para dor existencial"
domingo, 20 de abril de 2008
Velejadores do mesmo barco
Ao contrário dos super heróis dos desenhos animados, não é preciso ostentar toda força física para ser vencedor. Espinafre não é o combustível que alimenta essa força na vida real.
As mulheres apesar de o físico ostentar delicadeza e “fragilidade” são batalhadoras que tiveram que passar por cima de tabus e preconceitos para ocuparem o posto que estão atualmente.
Só que nessa roda também estão os homens que assim como nós, sentem a necessidade de transformar nosso planeta em algo melhor. Ambos tentam achar a energia que falta.
Aliás, o combustível que move o mundo, é a capacidade da boa comunicação para tentar tornar os dias mais amenos.
Não é o cromossomo XY ou XX que definirá quem comandará o mundo, quem merece ser ou não ser presidente dos Estados Unidos, se um é mais inteligente para as exatas, o outro para a leitura, se um sabe abrir o vidro de pepino, ou o outro andar de salto alto.
Estamos todos no mesmo barco, velejando no mesmo mar de fúrias e calmarias. O sol brilha e a chuva vem para todos. Porque , assim como nos desenhos, homem ou mulher, o mocinho sempre vence no final.
Tudo de Blog.
sábado, 12 de abril de 2008
A soma de tudo
Todos os dias ligamos a televisão e nos deparamos com fatos que mexem com nossa cabeça, programas dedicados exclusivamente para falar de um determinado caso. Não chamam apenas policiais e advogados, mas psicanalistas que tentam desvendar o que se passa na cabeça de uma pessoa capaz de cometer crimes.
Você e eu. Ambos feitos da mesma matéria bruta. Mudam alguns detalhes, como a cor do cabelo, do olho e a tonalidade da pele. Até o coração funciona igualmente, com pequenas diferenças nos batimentos.
Mas o que diferencia mesmo um ser humano do outro é a essência, como ele lida com os pequenos empecilhos, com as pequenas diferenças e alegrias.
Acredito que a resposta para esses crimes todos está nas pequenas coisas. As pessoas não olham mais no olho, não querem mais conversar, não resolvem os problemas, pois acreditam que o Prozac vai curar. E ele não cura.
Fala-se pouco, guarda-se muito. E aí que depois do coração engavetado de mágoas e frustrações, um dia ele estoura. No calor da hora, vem à lembrança da pisada no ônibus, o cartão de crédito bloqueado, o bolo que não cresceu e a luz cortada. Pequenos atos que somados viram armas, que atingem pessoas inocentes.
E aí, tudo vira silêncio, por alguns minutos a sanidade se vai e a explosão de sentimentos nos torna monstros.
Não acredito que nos acostumamos a ver as barbáries todas passadas na televisão, pois ainda nos arrepiamos ouvindo a vinheta do Plantão Globo. O que acontece de fato é que chegamos a tal ponto, que não duvidamos mais de atrocidades cometidas por nossos irmãos de espécie.
No Brasil e na China existem pessoas fracas. Você e eu, todos iguais.
Tudo de Blog.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Um pouquinho de tudo
Já acordei sorrindo, já dormi chorando. Já duvidei de política e religião, já encontrei a fé. Já tive certezas, tive questionamentos, Já comi doce com salgado, já procurei por sorrisos que matam a fome, já me arrepiei assistindo filmes, já me espantei vendo jornal. Já amei, já detestei, já me decepcionei. Já quis o tudo, já quis apenas a calmaria do nada. Já quis ser atriz, jornalista, jogadora de vôlei. Já procurei pela felicidade. Já usei preto, já usei pink, já me encontrei em palavras, já preferi ficar calada.
Já quis ser boa em números, já preferi as letras, já quis aprender francês, já quis entender melhor a língua portuguesa. Já gostei de chuva na pele, já preferi as cores que o sol traz. Já dormi com o abajur ligado, já tive medo do não palpável.
Já quis voltar a infância, já me imaginei daqui a cem anos. Já fui a China sentada no sofá.
Já fui um pouco de tudo, fui a controvérsia de mim mesma. Já me perdi no tempo. Meu coração, quem diria, já escapou das minhas mãos e voou com o vento.
*Texto inspirado num dos tantos que estão no livro “Os piores textos de Washington Olivetto”.