Quando eu era pequena eu tinha três amigas imaginárias. A Trança (boazinha), Bianca (normal) e a Matriza (malvada e vilã). Não sei da onde eu inventei estes nomes, mas é engraçado ver que enquanto as crianças inventam um amigo, eu criei três.
Já li bastante artigo de psicólogos que avaliam este tipo de invenção importante na época da infância, pois é neste momento que a criança cria sua personalidade e começa a despertar a criatividade.
Até que um dia eu fiz alguma coisa errada - devo ter me sujado com lama, ou pintado a parede da casa com giz de cera ou batom - e minha mãe veio me perguntar porquê eu havia feito isto, eu espertinha culpei a Matriza, disse que ela era a responsável. Minha mãe preocupada, sentou comigo e explicou que a gente tem que assumir nossos atos, não podemos culpar os outros.
Quando a gente cresce, não há mais espaço para amigos imaginários e verdades inventadas. Também não é mais possível culparmos inocentemente o outro pelas nossas ações, o mundo lá fora exige explicações, implora por caráter, a gente aprende de vez que toda ação tem uma reação.
Há várias Tranças, Biancas e Matrizas dentro da gente, que se personificam durante o dia, que criam vida e se afloram com um impulso vital. Eu procuro manter a Matriza longe de mim, considero-a uma conhecida de longe, que avisto corriqueiramente virando uma esquina, mas que logo passa, logo vai embora, muitas vezes, sem deixar rastros. Quanto a Trança e a Bianca? Essas eu quero manter sempre por perto, Best Friends Forever, até o envelhecer, amigas até o último suspiro.