sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Desabafo da guria que aprendeu com as perguntas
Vivo uma fase pra dentro, e não vou levar isso como um ponto negativo. Quando Caio Fernando Abreu escreveu “Você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Eu entendo bem o que ele quis dizer.
Costumamos jogar muitas responsabilidades em cima das pessoas, achar culpados parece ser a solução de todos os problemas. Culpa da mãe, do trabalho, da pedra que ficou na frente, do café quente demais, do juiz que roubou nos 45 do segundo tempo.
2010 foi o ano de aprender a não achar culpados, mas sim de encontrar respostas internas. De assumir de vez que sou um poço de sensibilidade, dramática, incrivelmente apegada e sensível em excesso. Confesso que é difícil conviver com tantos sentimentos.
Eu trabalho em uma profissão muito dura. Publicidade está na área das Humanas, mas também tem muitas Exatas, e nesse mundo de competições, prêmios, leões, egos, verbos como - adquira, compre, faça, use, prove - tento procurar meus próprios verbos, aqueles que possuem grandes significados pra mim sem precisar exteriorizá-los.
Tenha seu Iphone, compre a bolsa Prada da vitrine, troque seu carro se isso faz você feliz, mas não deixe de refletir, pare de culpar gente como a gente, ter xenofobia e ser racista é ter preconceito de você mesmo. Defenda o capitalismo, mas não esqueça de ser. Tenha a sua opinião e a defenda, mas não anule as outras pessoas, assim você só verá um lado da moeda.
Não quero ser mais uma hipócrita que fala mas não faz, afinal de contas, eu tenho cartão de crédito (quer algo mais consumista do que isso?), porém não ignore a filosofia porque se isso acontecer você está perdendo a oportunidade de entender a sua própria essência.
2010 foi um ano difícil e de transição, o ano de aprender a gostar de ser humana. O ano de entender que a felicidade não se paga em prestações, nem chega embrulhada em um caminhão dos Correios.
O fato é que estou aprendendo a amar questionar, e pra mim isso é estar vivo. E pra você? Vamos dialogar e trocar ideias também. :)
Obs.: Não é um sermão, são pensamentos soltos do ano todo.
“E concluo, a gente segue a direção que nosso próprio coração mandar.” Tiê
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Pra quem?
E aí que anda sozinha, talvez se tivesse aparecido naquele momento quantas coisas você poderia desempacotar do coração? Mas não, ninguém apareceu e tudo continuou retido com uma imensa fita em volta sem destinatário.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Mar aberto, mar feroz
É estranho esse sentimento de não saber navegar por mares tranquilos. Estava acostumada com ondas altas e fortes que me tiravam o ar. Essa onda às vezes me deixava com a adrenalina a mil, oras muito feliz, outras, triste.
A onda me desestabilizava, me derrubava sem dó e passava sobre mim.
Mas de alguma forma eu conseguia levantar, pegar a próxima e sentir novamente a paixão de viver. Eu deslizava. Era intenso. Era difícil.
A onda e eu aprendemos a nos completar. E hoje preciso aprender a viver sem ela. Enquanto não aprendo, reinvento a minha própria onda para mudar o roteiro do meu mar.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Sentimentos? Tenho uma coleção deles
No início quando não sabe muito bem o significado e o peso das lembranças, você coleciona.
Começa por ursinhos, papéis de carta, tazos, marcas roxas na canela, também insiste em guardar a camiseta baby look encolhida com o tempo e manchada com aquarela vermelha.
Aí depois começa a perceber que a vida é um tremendo entra e sai. Ama geografia, o cachorro um dia se vai, precisa mudar de escola, troca de melhor amiga, e escolhe língua portuguesa como a sua disciplina favorita. Pinta sem receio a parede rosa bebê do quarto por uma cor gritante. Você mudou, eis que vivencia a fase do desapego.
Mas chega uma hora que cansa navegar sem rumo, definitivamente grandes mudanças não fazem parte do seu ser. Há um pequeno fio invisível diretamente ligado ao coração que te prende, que não permite os passos serem mais largos que as pernas.
Volta a colecionar. Tem uma gaveta cheia de lembranças e de planos que nem sempre aconteceram. Coleciona nostalgia, amigos, o sabor de passar todo dia pela mesma rua, a sensação dos abraços repetidos, coleciona o clichê da rotina - porque pra você o mesmo pode sempre ter um sabor diferente.
Não precisa de uma grande mudança para um grande recomeço. Sua vida é um álbum de coleções e em todas as páginas o sentimento é figura repetida, mas essencial.