Ao revirar as páginas dos álbuns antigos, lembra quem foi um dia. Relembra da sensação doce de ser apenas uma menina com o resto da vida pela frente. Consegue puxar nas lembranças a sensação de ter sonhos ainda não desfeitos.
Os cheiros e as lembranças ainda estão latentes, sabe que a menina da foto ainda está aí, e isso machuca. O mundo não permite que seja essa garota pra sempre. Lá fora eles dizem com convicção: Hey, acorde! Cresça! Seja forte!
Os monstros na verdade existe sim, a diferença é que os medos não estão mais embaixo da cama, eles estão presentes todos os dias, nas manhãs cinzas, na dureza das palavras dos outros.
A única coisa que deseja é ficar embaixo da coberta e se esconder do bicho-papão. Respirar baixinho pra que ele não a encontre mais. Quer apenas andar por aí sem peso, se permitir a ser feliz e até a ser triste, sem mentiras, sem fingimentos, quer a doçura e a ternura de ser quem se é.